O nascimento da Filosofia com os Gregos e o desejo pela Verdade

"A filosofia surge dentre os gregos como um desejo irrefreável de conhecer a verdade".





Antes de iniciarmos a discussão entre a Filosofia e sua busca, é interessante compreendermos em que sociedade ela emergiu. A Filosofia não teria nascido em uma unidade nacional mas num miscigenado de ideias. O que entendemos como “antigo mundo Grego” contemplava, na verdade, as muitas ilhas que povoam o mar Egeu, orlas marítimas da Ásia Menor, do Mar Negro e do norte da África, bem como, terras na Itália, na Sicília e o Sul da França. Não sendo, realmente, uma unidade geográfica, mas cultural.
A natureza mercantil permitia o fluxo de ideias e a troca de informações com outras culturas, permitindo o florescimento de comparações e sínteses de ideias.
É interessante citar também que o “povo grego” sempre possuiu uma forte competência para justificar o mundo. Seus mitos explicavam desde a origem do universo até mesmo a dor de ter um coração partido, eles respondiam desde a mudança das estações, até o preço da saca de azeite.
Entretanto, assim como Édipo precisa matar seu pai para seguir seu destino, como um Adão cometendo o pecado da desobediência para adquirir o conhecimento. Houve o momento em que os mitos começaram a ser questionados como real justificativa para a lei cósmica universal. Então, expulso do paraíso que lhe respondia todas as dúvidas, o homem se vê nu, diante de um mundo desconhecido, e agora ele precisa trabalhar para comer o pão.
Esse trabalho era a pesquisa, a tentativa e o erro de tentar compreender como o mundo funcionava, com a expulsão do paraíso confortável e belo dos mitos, a Filosofia nasce como esse arar a terra, como um exercício trabalhoso, para compreender o mundo, e comer do fruto plantado pelas suas próprias mãos.
A Filosofia surge dentre os gregos como um desejo de conhecer a verdade. Uma vez que as justificativas anteriores já não serviam para responder o mundo. Será que realmente, a vitória numa batalha se dava por conta de um touro sacrificado e não pela excelência dos guerreiros? Será que realmente o universo era tão volúvel quanto a vontade de um deus? Será que realmente se não fizéssemos as oferendas, o frio não chegaria no inverno? As chuvas não molhariam a terra?
O mito deixou de ser satisfatório quando ele parou de responder as perguntas, a natureza possui uma ordem, o garoto não pode chegar a velhice sem antes ter-se tornado homem. Mas, se existe uma ordem, como ela se parece, como ela se ordena, até onde eu posso compreendê-la? Se essa lei rege o mundo, e eu sou parte do mundo, ela também me rege, assim, ao saber como ela se apresenta, eu posso saber como ela me molda e então compreender mais sobre quem eu, homem humano, finito, sou.
Uma vez que o pai foi assassinado e não está mais presente para dizer ao filho como as coisas são ou não são, cabe ao filho descobrir por conta própria. E o primeiro lugar para onde esse filho voltou seus olhos foi para o mundo a sua volta. A natureza estava sob a mesma lei que lhe regia, então entendendo a natureza, poderíamos entender a lei e assim chegar mais perto da verdade.
Por esse motivo, os primeiros filósofos foram os naturalistas. Aqueles que teorizavam sobre a composição da pedra, e sobre como a madeira virava cinzas depois de ser consumida pelo fogo.
Mas compreender a natureza não bastava, se o homem era capaz de perceber essa lei, e esta  permeava, compreender as si, era compreender o cosmos. O homem dotado de razão, era o mais apto a compreender a razão universal, o pensamento saiu do mundo material e se voltou aos conceitos, a alma e a inteligibilidade. O homem tornou-se o centro da pesquisa, ora como servo de uma lei que lhe ordena, ora como senhor e criador dessa lei. Como servo, ele carecia do “conhece-te a ti mesmo” de Sócrates, que procurava levar as pessoas, por meio do autoconhecimento, à sabedoria e à prática do bem. Como senhor, “o homem é a medida de todas as coisas”, é ele quem ordena o mundo com o seu olhar, defendiam muitos  Sofistas.
A história rompeu esse período com as guerras e as invasões, e o cristianismo veio em seguida sintetizando tudo o que houve antes dele. Contudo, os olhos que uma vez foram abertos já não se fecham, e o pai, uma vez assassinado, nunca retorna com a mesma autoridade. Isso se você considerar que ele retorna.

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