A antropologia Filosófica na Tradição Cristã-Medieval

A filosofia medieval bebeu bastante dos textos gregos. O pensamento platônico cristianizado moldou muitos dos dogmas elaborados na construção e desenvolvimento da igreja. O pensamento filosófico da época se formou do encontro entre as duas concepções, a ideologia cristã  e a grega.
O divino ganha um lugar de prestígio sendo o norte do pensamento, a fé passa a superar a razão, a concepção do homem evolui em estreita relação com o próprio desenvolvimento da civilização. Santo Agostinho e São tomás de Aquino são os grandes gigantes da época, cada um com sua linha de pensamento. O primeiro com fortes influências do neoPlatonismo e o segundo com o renascimento do Aristotelismo.
É durante o período que se inaugura a ideia de linearidade temporal. Além disso, os Monges copistas fizeram um trabalho excelente com o resgates dos textos antigos .



A concepção cristão-medieval do homem prevalece na cultura ocidental do  século  VI  ao século  XV,  mas  seu  influxo  permanece profundo e, sob certos aspectos, decisivo nas concepções moderna e  contemporânea  que  lhe  sucedem.  Na verdade,  trata-se  de  uma concepção  teológica  (no sentido  especificamente  cristão de teologia),  mas  os instrumentos  conceptuais  utilizados  na  sua elaboração  provêm,  em  grande  parte,  da  filosofia  grega.  A  concepção cristão-medieval do homem procede, assim, de duas fontes: a tradição  bíblica,  vetero  e  neotestamentária,  e  a  tradição  filosófica grega.  
A tradição  bíblica  goza,  na formação  do  pensamento  cristão,  de uma primazia em termos  de normatividade, pois constitui uma instância última de referência, segundo a qual deve ser julgada a autenticidade cristã das Concepções e teorias que se apresentam no campo teológico.  Compreende-se,  assim,  que uma tensão permanente se estabeleça entre  a tradição bíblica e a tradição filosófica,  e é essa tensão  que oferece um fio condutor para se acompanhar a evolução do pensamento cristão particularmente no  domínio  da  antropologia.
Por  outro  lado,  é  importante  notar que,  sobretudo  nos  primeiros  séculos,  a  idéia  cristã do  homem  não  se elabora ex-professo, mas emerge no contexto das grandes disputas teológicas, sobretudo as trinitárias e cristológicas do século IV, ou se forma no âmbito da leitura cristã da Sagrada Escritura, à luz de grandes  temas  que  aí  se fazem  presentes,  como  o  tema da  “imagem de Deus”  ou do  “assemelhar-se”  (omoiousthai) a Deus,  temas que  evocam,  por sua vez,  problemas  e  conceitos da tradição  filosófica. A concepção cristão-medieval do homem nasce, assim, num terreno onde as duas grandes tradições tecem uma complexa trama conceptual que  aqui poderemos  seguir apenas  em  suas grandes  linhas. (Lima Vaz)

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