Concepção de Homem - Gregos (Outras Fontes - Comentado)
Eu encontrei essa exposição em minhas pesquisas sobre o Tema "O homem grego". Para diferenciar o Texto original dos meus comentários, eu irei colocar o texto original em Itálico.
Acho ser importante, uma vez que vamos tentar compreender como a sociedade Grega entendia a ideia de Homem, entendermos quem era e como funcionava a sociedade:
Diz o Prof Vicente: desejo observar algo que considero interessante nessa compreensão do processo de formação cultural do homem grego.
Geograficamente falando fazia parte do mundo grego antigo a própria Grécia, as muitas ilhas que povoam o mar Egeu, orlas marítimas da Ásia Menor, do Mar Negro e do norte da África, bem como, terras na Itália, na Sicília e no Sul da França. Portanto, verifica-se que o conceito de mundo grego não indica uma unidade territorial, e não é um conceito geográfico. O mundo grego conceitual é estritamente cultural.

Assim sendo, isso significa dizer que a totalidade dos grupos humanos viventes naquele período, mesmo que espalhados por várias localidade, mantinham a mesma cultura e se entendiam enquanto “gregos”.
<É realmente uma nota que não é muito intuitiva. Muitas pessoas quando estão iniciando seus estudos e ouve-se falar dos filósofos gregos e tudo mais, geralmente compreendem que tudo se dava exclusivamente no que se chamaria de "território nacional da Grécia". Quando na verdade, a diversidade de pensamentos decorrente das diversas correntes das ilhas, é considerada fundamental para a noção cosmopolita que eles possuíam. >
A reflexão grega sobre o homem constituiu-se a partir de vários influxos da percepção da realidade pela religião, pela sociedade e pela filosofia grega. Com base nisso encontramos certos elementos que são relevantes para a compreensão da visão antropológica grega. Assim, por exemplo, na concepção da antiguidade, as respostas estavam ligadas a algumas perspectivas imateriais e eternas.
Cultura aqui se entende como a maneira de viver e ser de um povo, diversa da maneira de ser de outro. Suas crenças próprias, típicas, características. Os gregos espalhados pelos diversos países constituíam uma única nação cultural.
A cultura é compreendida como totalidade das manifestações e formas de vida que possibilitam a caracterização de um povo, sendo grego ou não. A cultura é a própria existência do homem, posta em questão pelo eu individualizado: todo o modo de ser do homem é um questionamento. Ao fazermos isso, inauguramos uma nova linguagem, uma nova forma de compreensão do mundo ou do próprio homem que o habita.
Este processo de reconhecimento de algo que era permanente num horizonte de diversidades de povos, trouxe a compreensão original de pertença a um só povo.
A cultura para o homem grego, pode ser entendida como a totalidade das manifestações e formas de vida que permite a caracterização de um povo. Pois, como sabemos, foi sob o aspecto da cultura que o povo grego considerou a totalidade de sua obra originária em relação a outros povos.
A cultura grega não é um dado exterior ou soberano, mas é um “produto” do agir do homem. Na sua individualidade o homem cria, pensamentos, ações e linguagem que formam a cultura que é também o lugar da realização comunitária.
Efetivamente é próprio do povo grego esse processo de reflexão sobre si mesmo, sobre suas características, sobre seu modo de vida, seus medos. Essa especificidade está explícita inicialmente nos mitos e posteriormente nos demais pensamentos que foram sendo produzidos por aqueles que consideramos “os pensadores” do período. E a pergunta inicial de tudo é: quem é o homem.
O debate que era premente naquele tempo, para não dizer urgente eram questões como: Que bicho é o homem que tem a capacidade de colocar a si mesmo, ao mesmo tempo, como objeto e como sujeito da reflexão filosófica? No entanto, somente podemos realizar o retorno ao que somos se nos dignarmos alcançar o fim do caminho discursivo que percorre a pergunta inquietante: “quem sou eu?”, através da perseguição da pergunta: “quem é o homem?
Contudo, ao discutir sobre quem é esse homem os debates e as reflexões transpõem o espaço do indivíduo e caminham em direção ao coletivo.
O sentido da cultura para o homem grego representa a superação do Zoe (vida animal) para uma vida ideal – BIOS – onde qualifica a pessoa para o exercício da vida política. A partir da cultura grega há o surgimento da cultura como unidade histórica dando expressão ao homem grego como para todos os outros povos independente de ter ou não origem grega. A cultura passa a ser entendida como um princípio formativo através da caracterização de um povo em suas manifestações e formas de vida.
Particularmente considero essa a grande sacada dos gregos, qual seja, compatibilizar de forma absolutamente equilibrada o espaço público e o privado, entendendo o primeiro como um aprimoramento do segundo. Ou seja, é no âmbito das relações que as diferenças se mostram importantíssimas e os interesses individuais se mostram menos importantes. Daí a ênfase no espaço público como o lugar da felicidade e da realização. Aparece aqui a “polis”.
Entender a pólis é fundamental para entender o sentido da existência do homem grego. Dentre outras questões, a geração de novas estruturas existenciais se torna possível pois permite que, a principio, o homem se perceba como indivíduo e como ser político.
Efetivamente, a realidade cultural fez com que na organização política o povo grego se estruturasse sua autonomia, o que fez surgir – como todos e todas sabemos - as Cidades-Estado autônomas.
Um outra questão é o sentido de existência para os gregos. Antes do nascimento da filosofia, os poetas tinham imensa importância na educação e na formação espiritual do homem entre os gregos, muito mais do que tiveram entre outros povos. Esses poemas também são conhecidos como mitos. Conhecer o significado, a estrutura e a linguagem do mito é de fundamental importância, se quisermos ter acesso à cultura helênica.
A força impulsionadora do mito é o mistério que desafia o homem, que envolve a sua vida e o seu ser. O homem sente-se como que jogado na existência, em meio à multiplicidade de fenômenos, que o desafiam e que ele tem de ordenar ou organizar, significativamente, em função de um viver razoável.
Portanto, a estrutura do pensar mitológico e uma estrutura dualista. De um lado temos o mundo real, físico ou social, marcado pela precariedade significativa, ao qual se opõe o mundo do sagrado, também ele, segundo o mito, real, apesar de transcendente.
O mundo dos deuses opõe-se ao mundo empírico, um mundo de significado pleno. E é por ser pleno e diverso do mundo empírico e, transcendente a ele, que o mundo dos deuses pode explicá-lo. Portanto, a função do mito é certa forma fazer o grupo viver ou vivê-los.
Os mitos traçavam caminhos de existência significativa e caminhos de comportamentos válidos. Portanto, não são delírios. Neles – os mitos - , pelo contrário, sente-se pulsar o questionamento que, mais tarde, a razão explicitará melhor.
No mito, a razão não faz, ainda, abstrações e não se conhece como força cognitiva crítica, capaz de depurar, no crivo da lógica, as imagens da fantasia. Contudo, é forçoso reconhecer os limites dessa abordagem fantástica da realidade.
Na história do mundo grego, Homero (Ilíada e Odisséia) e Hesíodo (Teogonia) marcam esse início.
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